quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Por que há tanto crime no Brasil?

Minha estadia nos EUA é temporária, e é possível que volte ao Brasil em seu devido tempo. Na verdade, até que gosto do Brasil. Tenho muitos amigos, família, talvez seja um estilo de vida mais fácil do que o americano, e mesmo em termos de trabalho é possível que eu tenha mais oportunidades aí do que aqui. A política não incomoda tanto se você não se mete com ela. A única coisa que me preocupa realmente sobre essa volta é -- o crime.

A sensação de insegurança no Brasil é um problema. Por que há tanto crime no Brasil?

Em Los Angeles, ocorre uma coisa curiosa. Há bairros pobres onde ocorrem assaltos, assassinatos, brigas de gangues, estupros e roubos. Claro que não na mesma escala do que no Brasil, mas ocorrem. Mas esse crime raramente chega nos bairros mais ricos ou de classe média. Neles, as casas não têm altos muros ou grades como no Brasil. O risco de ser assaltado na rua em um desses bairros à noite é relativamente baixo. (Existe, ocorreram casos; mas são poucos).

É porque existe mais policiamento? Talvez, mas à primeira vista não pareceria. Quase não se vê policiais andando pelas ruas, e se há carros de polícia eles estão no centro da cidade, ou então no gueto.

É pela maior prosperidade geral? Pode ser, mas a relação entre pobreza e crime nem sempre é direta. A pobreza, o desemprego e a diferença entre as classes sociais aumentaram muito nos EUA nas últimas décadas. Porém, o crime diminuiu. Mesmo contando apenas o último ano, de plena crise econômica e bancarrotas gerais, houve uma diminuição de todos os tipos de crime. Qual seria a explicação?

Alguns apontam para o óbvio: quanto mais criminoso nas cadeias, menos crime. De acordo com o Reinaldo Azevedo, é a mesma razão para a diminuição do crime em São Paulo nos últimos anos. A taxa de encarceramento aumentou de modo inversamente proporcional à diminuição do crime. E, nos EUA, se o sujeito cometer um crime, raramente tem escapatória: é provável é que termine na cadeia. Por mais que os esquerdistas chiem e queiram acabar com essa "injustiça".

Mesmo assim, isso não explica outros mistérios. Se há crime no gueto, por que os assaltantes não cometem mais assaltos nos bairros de classe média, onde teriam mais oportunidades, forçando seus habitantes a construírem casas com grades? Se as gangues de traficantes mexicanos se matam entre si no México, por que essa matança não chegou ainda nos EUA, mesmo com quase 50% de mexicanos na Califórnia? (Não faltam traficantes por aqui; tampouco podemos citar como causa a incapacidade do povo americano para a violência. Nos anos 20, Al Capone e sua turma barbarizavam.) 

É possível que tudo mude. As ruas de NY já foram perigosas. (Em 1980, a taxa de homicídios na Big Apple era de 12,7 por 100.000 habitantes. A do Rio de Janeiro, no mesmo ano, de 11,8.) E, dizem que se cortassem o welfare na Califórnia, haveria quebra-quebra e violência geral. Pode ser. O fato é que o crime está diminuindo nos EUA e ainda aumenta no Brasil. 

Alguma coisa estamos fazendo errado.

17 comentários:

Harlock disse...

Salve.
(...)"tampouco podemos citar como causa a incapacidade do povo americano para a violência. Nos anos 20, Al Capone e sua turma barbarizavam".
Bom, de repente pode querer dizer alguma coisa o fato de que os gangsters eram... Imigrantes!
Vai-se conferir e só se encontram italianos, polacos, judeus e irlandeses.

Mr X disse...

Vai-se conferir e só se encontram italianos, polacos, judeus e irlandeses.

Será que é isso? Lembrou o filme Gangs of New York, com toda a rivalidade entre os vários grupos...

Só pla completar os dados: hoje, o índice de homicídio é de 4 em NY, e de 30 (?) no Rio.

Mr X disse...

Talvez a explicação esteja aqui:

http://veradextra.blogspot.com/2011/02/videos-por-que-e-uma-perda-de-tempo.html

Começa-se jovem a cometer violência no Brasil.

maisvalia disse...

Em São Paulo, o índice de homicídio é de 10,1, que é razoável. Algumas medidas são simples como fechamento de botecos entre 8 e 10 horas da noite na periferia. O alcoolismo produz mais crimes de sangue neste lugares que as drogas pesadas ou o tráfico. São os chamados crimes sem motivo.
Outro dado importante, a homicídios em S.P. esclarece mais de 60% dos crime, quando sua congenere no Rio não chega a 5%. Esclarecendo e prendendo o bandido não mata mais e este é um dos motivos da queda em SP. A divisão de homicídios paulista,felizmente, mas deveria ser a regra, é um oásis dentro da polícia civil.
Tem outros componentes, é claro, mas não daria para comentar neste espaço.
Por último, há bairros em Sampa, como o que eu moro, Higienóplis do FHC, cujo indices de crimes é, em geral, semelhante aos de países desenvolvidos. Tem o mesmo número de homicídios da Inglaterra.

Mr X disse...

Pois é. São Paulo melhorou muito em termos de combate ao crime. 10 homicídios em 100,000 não é tão ruim. Como apontado, nos anos 70 e 80 New York tinha taxas maiores. E o Sakamoto ainda reclama de SP!

Chesterton disse...

Sakamoto para de reclamar assim que o PT governe o estado....

Mr X disse...

A medida de todas as coisas para o Saka é o PT...

Chesterton disse...

Há uma cultura entre as classes médias que dá mais importância a fugir da policia do que seguir a lei, que seria algo careta, conformista, não contestador. A influencia da literatura nacional tambem não é desprezível. De Macunaíma para baixo nada inspira o jovem de modo correto, dentro da lei. Só vadiagem e pseudo-malandragem.
Olha o Robin Hood tupiniquim, na composição do impertinente:

Chega no morro
Com carregamento
Pulseira, cimento
Relógio, pneu, gravador
Rezo até ele chegar
Cá no alto
Essa onda de assaltos
Tá um horror
Eu consolo ele
Ele me consola
Boto ele no colo
Prá ele me ninar
De repente acordo
Olho pro lado
E o danado já foi trabalhar
Olha aí!
Olha aí!
Ai o meu guri, olha aí!
Olha aí!
É o meu guri e ele chega!
Chega estampado

Ana Beatriz disse...

Antes de mais nada desculpem a falta de acentos, e meu laptop. Creio que existe um componente cultural, uma percepcao de que os bandidos estao apenas dando o troco a uma sociedade que lhes negou seus "direitos". Outro dia vi um documentario que mostrava uma rapaz cujo trabalho era "conscientizar" os moradores de comunidades carentes (nao se pode dizer mais favela) atraves da musica. Tinha um rap, ou funk, nao consigo ver muita diferenca, que dizia assim: voce nao e pobre, voce foi roubado. Ora, roubado por quem? Pela classe media?

Chesterton disse...

isso não mais é apologia do crime, mas incitação a rebelião!

Mr X disse...

voce nao e pobre, voce foi roubado. Ora, roubado por quem? Pela classe media?

Mas esse é o discurso padrão dos esquerdas. Os pobres foram "roubados" por não terem nascido em berço de ouro. E têm portanto o direito de tomar à força "aquilo que é seu".

Parte de uma concepção bizarra de que as pessoas, por nascimento, deveriam ter igualdade de recursos materiais, e acesso a riquezas que não produziram, não conseguiriam produzir mesmo que quisessem, e têm raiva de quem produz.

Acho que a diferença de ontem pra hoje no Brasil é essa: hoje o pobre é incentivado a roubar e ser violento, pois passam a mão na sua cabeça, dizem que ele tem direito a roubar e matar. Lembro um conto do Rubem Fonseca que era bem nessa tônica. Sem falar em tantos filmes brazucas. Até o Saka hoje está dizendo que a violência é "recurso legítimo" do "explorado" contra o "explorador".

Do link que dei no texto:

Os revolucionários devem estabelecer ligações com prisioneiros sempre que possível. É essencial para os condenados que entendam porque estão por trás das grade e saber que têm apoio do lado de fora.

http://resistir.info/mreview/capitalismo_encarceramento.html

Mr X disse...

Favela virou "comunidade". Tráfico virou "movimento" (social?). Bandido virou vítima.

Chesterton disse...

Relativismo moral, um dos pilares do subjetivismo epistemológico, a insanidade intelectual de nossos tempos.
Na verdade eu creio que os praticantes sabem que é falso, pois assim que podem isntituem sua lei de ferro na marra.
Bobo quem se deixa enganar.

{O comentarista conservador Glenn Beck chamou a presidente Dilma Rousseff de “ex-comunista e ex-terrorista” em seu programa desta quinta-feira (3) na emissora Fox News, dos Estados Unidos.}

chest- e tem gente chiando.

Chesterton disse...

O Augusto Nascimento morreu?

Oswald disse...

Chesterton, fica quieto, capaz que o dito cujo faça algum comentário...

Homem, Homossexual e Pai disse...

a violencia no brasil, em sampa é um saco, eu acho que a impunidade e a jsutiça inepta são os grnades problemas

Francisco Amado disse...

Posso colocar este artigo em meu site?